A HISTÓRIA DA AVICULTURA

A galinha (Gallus Gallus) é o nome genérico que se dá a qualquer uma das mais de 60 raças de aves domésticas de porte médico com características semelhantes entre si, cujo ancestral em comum é uma ave selvagem da Ásia. A galinha é considerada a ave doméstica mais numerosa do mundo graças à sua carne e seus ovos, que além de serem proteínas de excelente qualidade a um preço acessível, possuem uma versatilidade no preparo. 

Os ovos são o grande destaque, podendo ser utilizados nas mais variadas receitas, tanto doces como salgadas, consumidos desde o café da manhã até o jantar, estando presente na dieta da população mundial quase diariamente.

A história da domesticação da galinha é muito antiga. Algumas pesquisas indicam que este processo de domesticação teve do início no Norte da Ásia há quase 7.000 anos. À medida que a raça humana foi povoando as diferentes localidades, essas aves se espalharam pelo restante do mundo, sendo cruzadas com outras aves do mesmo gênero e adquirindo as características que mais atendessem a necessidade da população, e que muitos já defendem como subespécie, devendo se chamar Gallus Gallus domesticus.

No Brasil, as galinhas foram introduzidas na época do descobrimento, junto com as primeiras caravelas portuguesas que aqui atracaram.

 

RAÇAS PURAS

A distinção entre as raças segue padrões como tamanho das aves, plumagem, formato e tamanho de crista, cor dos ovos e aptidão (carne, ovos ou dupla aptidão).

Podemos classificar as raças puras mais conhecidas em 4 grupos distintos conforme sua origem:

AMERICANAS

É o grupo das raças desenvolvidas na América do Norte. Possuem aptidão tanto para carne como para a produção de ovos.

RHODE ISLAND RED

Também conhecida como RODE ou RODIA. É uma das raças de galinhas mais conhecidas. Originada no estado americano de Massachusetts por volta de 1850.

São aves dóceis, robustas (fêmea pesa até 3,0 kg), de dupla aptidão. Produzem em média 250 ovos/ano. Possuem crista serrilhada e plumagem castanha intensa com penas pretas na cauda, pescoço e asas. Seus ovos possuem casca marrom.

NEW HAMPSHIRE

A raça surgiu em meados de 1915. Por terem sido criadas através de sucessivos cruzamentos entre as aves RHODE ISLAND RED, possuem características muito semelhantes à raça. Apesar da dupla aptidão, tem um maior rendimento de carne e menor produção de ovos (em média 200 ovos/ano) em relação à RHODE. Sua plumagem é de um castanho mais claro e os ovos são marrons.

PLYMOUTH ROCK

Uma raça que pode ser utilizada para carne e que botam em média 200 ovos vermelhos/ano. Apesar de possuírem plumagem de várias cores, a mais característica é que conhecemos como carijó.

WYANDOTTE

O nome da raça remete a uma tribo indígena norte americana. Também são aves de dupla aptidão. As fêmeas pesam até 3 kg e chegam a botar até 220 ovos vermelhos por ano. Um dos destaques dessa raça é uma bela plumagem, fazendo que que algumas pessoas as criem como aves ornamentais.

INGLESAS

São raças desenvolvidas na Inglaterra. Em comum tem o fato de serem aves com bom ganho de peso e uma produção de ovos mediana, tornando-as mais como aves de corte do que de produção de ovos.

CORNISH

Raça originada na Cornualha, na Inglaterra, por volta de 1820. Juntamente com outras raças, são utilizadas para aprimorar híbridos destinados como aves de corte. São aves grandes e musculosas, onde a fêmeas pode pesar acima de 3 kg. Seus ovos são pequenos, em pouca quantidade (em média 80 ovos/ano) com coloração que varia do marrom claro ao bege.

ORPINGTON

São aves grandes, vistosas, com plumagem abundante nas cores branca, azul, amarela e preta. Uma ave de capacidade média de produção de ovos (média 180 ovos/ano) com casca que varia do castanho ao marrom claro. Seu crescimento rápido e seu bom ganho de peso a tornam uma raça para corte.

AUSTRALORP

Apesar de ser uma raça de origem Australiana, ela acaba recebendo a classificação Inglesa pois sua principal origem é a raça Orpington, que foi cruzada com outras raças no início dos anos 1900 até resultar em uma ave grande, robusta e rústica. Das raças inglesas, essa é a que bota mais ovos (até 280 ovos/ano), chegando a se destacar e tornar-se conhecida por essa característica. Os ovos possuem casca castanho claro.

MEDITERRÂNEAS

Tem origem nos países mediterrâneos (Itália e Espanha). São aves de pequeno porte, sem penas nas pernas e que produzem ovos brancos

LEGHORN

Uma raça que data da primeira metade do século XIX. O nome é referência à Livorno, cidade portuária da região da Toscana (Itália), de onde foram exportadas para a Inglaterra e América do Norte.

É uma ave pequena, de corpo esguio e crista longa. A fêmea chega a pesar 2 kg em média. Possuem uma natureza arisca, mas pouco agressiva. A alta capacidade de produção de ovos brancos (que chegam a uma média de 280 a 300 ovos/ano e que deram fama à raça) sendo uma das mais utilizadas para compor os híbridos de postura de ovos de hoje em dia.

MINORCA

Originária da ilha de Menorca, na Espanha. Começou a se difundir para a Grã-Bretanha a partir da ocupação da ilha no início do século XVIII. É uma raça de postura com uma média de 180 ovos/ano. Uma das características da raça é ter as pernas escuras, tendendo a pretas.

ANCONA

Recebeu o nome da cidade onde sua raça teve origem, na Itália. Uma ave rústica e resistente. Apresenta plumagem predominantemente preta com as pontas salpicadas de branco. Produzem em média de 220 ovos/ano com casca branca.

ANDALUZA AZUL

Raça antiga que teve sua origem na região de Andaluzia (Espanha). São aves de médio porte, onde a fêmea pode pesar em média 2,5 kg. Apesar de serem encontradas também nas cores branca e preta, a plumagem azul é a característica e que dá o nome à raça. Ela é obtida com o cruzamento de um galo branco com uma galinha de penas pretas. Produzem ovos brancos em uma média de 180 unidades/ano.

ASIÁTICAS

As principais características das raças desse grupo são: ovos vermelhos, grande porte e pernas cobertas por penas.

BRAHMA

Apesar de ser uma raça desenvolvida nos Estados Unidos a partir de aves importadas de Xangai no final do século XIX, daí serem classificadas dentro desse grupo. Foi a principal raça destinada à carne entre a metade final do século XIX até meados de 1930. As fêmeas chegam a pesar em média 4,5 kg.

COCHIM

Foram conhecidas no passado com ‘Cochim-China’. Acredita-se que tenha tido sua origem em uma colônia francesa onde hoje é o Vietnã. Apesar de ser uma ave muito grande, seu crescimento é lento e sua maturidade sexual bem tardia, descartando-a como raça produtora de ovos. 

Quanto à qualidade de sua carne, essa característica foi se perdendo ao longo do tempo, quando os cruzamentos começaram a selecionar as aves pelo padrão estético. Hoje os exemplares são quase exclusivamente ornamentais, pois chamam a atenção pelo tamanho e sua plumagem lhes garante uma aparência ainda maior! 

Outro destaque da sua plumagem, além do volume, é se apresentar com a característica crespa ou frisada, conferindo um aspecto ainda mais vistoso e exótico.

LANGSHAN

Não há muita informação sobre ess raça, exceto que teve sua origem no norte da China. São aves grandes que botam ovos vermelhos, podendo ser classificada como ave de dupla aptidão. É mais conhecida por ter sido utilizada como base genética para raças como a Langshan Australiana e Langshan Alemã. Sua plumagem mais conhecida são penas pretas que apresentam um brilho esverdeado.

SILKIE

Também conhecida como SEDOSA DO JAPÃO aqui no Brasil. Tem sua origem mais provável na China, tendo sido relatada pela primeira vez no século XII por Marco Polo em sua viagem pela Ásia. Não são aves muito grandes e sua grande tendência para chocar a torna uma galinha com baixa produtividade de ovos. 

Por baixo da plumagem extremamente sedosa que lhe é característica, possui pele, ossos e carne pretas ou acinzentadas que lhe confere estranheza na culinária ocidental, mas que a torna uma iguaria muito valorizada na culinária oriental. 

Por aqui tem sido muito utilizada como aves ornamentais, principalmente pelo seu topete e pelo excesso de penas que apresentam nas suas patas.

 

LINHAGENS MODERNAS OU HÍBRIDOS COMERCIAIS

As raças puras, como as descritas acima, eram criadas nos quintais das propriedades como criação de subsistência, basicamente para a produção de ovos. A carne era aproveitada quando a ave deixava de ser produtiva. Os cruzamentos para seleção eram feitos de forma lenta e rudimentar.

Esse cenário começou a mudar em meados da 2ª. Guerra Mundial, período em que a demanda por alimentos começou a crescer e a atividade viu a necessidade de se profissionalizar. Nesse momento houve a busca por uma criação em grande escala, especialização das aves separando-as por aptidão para carne ou ovos, aliado a uma otimização entre custo de criação e retorno de renda.

Nesta época teve o início do surgimento das casas genéticas, que começaram a fazer o melhoramento genético de forma acelerada, aliando pesquisa e tecnologia e desenvolvendo o que chamamos de linhagens modernas ou híbridos comerciais.

As linhagens híbridas são cruzamento entre as raças puras buscando selecionar as características desejáveis de cada raça em uma única linhagem, ou seja, no caso de galinhas poedeiras: a alta produtividade, postura precoce, tamanhos uniformes de ovos, baixa conversão alimentar, entre outras.

São duas as raças que hoje são os pilares da avicultura moderna de postura. A LEGHORN que compõe a base genética das linhagens que botam ovos brancos e a RHODE ISLAND RED para as galinhas que botam ovos vermelhos.

AUTORA DO BLOG – CIBELE PINTO

Formada em medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo. Vendedora técnica da Nutricamp Produtos Agropecuários Ltda para o mercado de avicultura de corte e postura no estado de São Paulo.

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